quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Notícias - O globo

Ontem no Cine Odeon passou na Mostra competitiva de longas documentais o filme “Luto por Mãe”de Luiz Carlos Nascimento. Luiz já e bastante conhecido pelos seu trabalho no grupo CINEMA NOSSO e agora estréia em longas com esse emocionante documentário. 



Ontem, assisti no Festival do Rio o documentário “Luto por Mãe” que foca as mães de filhos que foram mortos em ações violentas tendo o envolvimento de policiais. O foco em questão são três tragédias que ganharam as manchetes do Brasil e do mundo- O assassinato de onze jovens que moravam no Acari, cujo as mães ficaram conhecidas como mães de Acarai, O assassinato de quatro amigos na Via Show e por últimos algumas mães de jovens que foram mortos na chacina que ficou conhecida nos jornais, como a chacina da baixada. 

Não é novidade nenhuma mostrar em documentários o sofrimento de mães que perderam seus filhos de maneiras violentas. Porem o diretor Luis Nascimento, em seu primeiro longa, partiu para um lado interessante, claro que a dor de uma mãe e de uma família foi focada, porem ele preferiu apenas mostrar de maneira a não incomodar muito o cotidiano dessas famílias, com uma câmera que simplesmente estava ali e não atrapalhava ninguém, ele acompanhou essas mulheres de coragem em suas idas e vindas em fóruns e em audiências que eram sem motivo algum remarcada para outro dia. Um dos criminosos teve seu julgamento adiado por mais de uma dezena de vezes. 

Alem de mostrar o sofrimento de mães e familiares, pois tem um determinado momento que a mãe de um rapaz que foi assassinado sem nenhum motivo aparente na chacina da baixada diz que quando morre um membro da família, um cidadão trabalhador e com uma ficha limpa, muda a vida de toda uma família, não só da mãe, mas de irmãos, sobrinhos e demais familiares. Mostra também uma policia em que o cidadão comum, o povão, não pode confiar. A chacina da baixada, por exemplo, durante o filme um delegado explica que a causa de uma chacina cometida por policiais e que deixou vinte e nove mortos, vinte e nove repetindo, nos municípios de Nova Iguaçu e Queimados, foi o fato de um novo comandante ter entrado no batalhão de Duque de Caxias e começar a lutar contra os policiais corruptos. O primeiro ato dos criminosos foi jogar uma cabeça dentro do batalhão e depois resolveram matar vinte e nove pessoas inocentes que eles encontraram na rua. 

O documentário mostra como um ser humano pode mudar. Todas as mães eram pessoas simples, donas de casas e trabalhadoras, que simplesmente criaram seus filhos da melhor maneira possível e de repente esses filhos lhes são tirados por quem deveria lhes dar proteção, elas mudam e passam a fazer de tudo para colocar atrás das grades esses policiais criminosos. Elas deixam tudo de lado e passam a dar plantão em fóruns, em delegacias, organizam passeatas e fazem de tudo para que a morte de seus filhos não caia no esquecimento. Tem o caso desesperador de uma mãe que teve de fazer a perícia do local onde o filho foi assassinado, pois a policia civil não tinha contingente para dar apoio aos peritos, pois o local era tido como muito perigoso. 

Emocionei-me muito com dois depoimentos, os dois últimos que fecham o filme, o de uma mãe, que após a audiência onde um dos policiais que participou do assassinato de seu filho, é condenado a mais de quinhentos anos de cadeia. Ela esta no corredor do fórum, olha para a câmera e diz que se sente vencedora. E de uma outra mãe que simplesmente diz que desistiu de lutar, pois não tem mais forças. É uma despedida da vida. Depois que terminou o filme, o diretor me contou que ela faleceu vinte e quatro horas depois de gravar a entrevista, sem ver os assassinos de seu filho na cadeia. 

Um grande filme, que com certeza, terá uma pequena distribuição, e entrara em diversos festivais. Parabéns Luis.    


Julio Pecly

Sem comentários:

Enviar um comentário