terça-feira, 29 de setembro de 2009

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

“Luto Como Mãe” tem pré-estreia emocionante em Portugal



Exibido pela primeira vez em Portugal, no dia 29 de junho, o documentário “Luto Como Mãe” (2009), filme produzido pelo TV Zero, Jabuti Filmes e Cinema Nosso, teve uma pré-estreia emocionante, sensibilizando um público de cerca de 300 pessoas, presentes na sala de cinema da Escola da Noite, em Coimbra . O filme retrata uma realidade triste do Rio de Janeiro, vivida por pessoas vítimas dos constantes assassinatos policiais, sobretudo mães que perderam seus filhos, vítimas de violência policial.

Na foto, da direita para esquerda, Beth Paulino, uma das mães, a produtora e pesquisadora do CES, Tatiana Moura, o diretor Luis Carlos Nascimento e a também produtora Carla Afonso.

“[Luto Como Mãe] é um filme realizado com estas mulheres que participaram ativamente de todo o processo, do início ao fim, desde o momento em que pensamos o roteiro até as filmagens, quando elas tiveram uma participação filmando a si próprias e os familiares” diz o diretor do filme e do Cinema Nosso, Luis Carlos Nascimento.

Rodado de 2006 até este ano, “Luto Como Mãe” surgiu a partir de uma pesquisa de estudos de casos sobre violência armada contra vítimas indiretas, no caso, as mães. O interesse do diretor em realizar o filme partiu do convite feito pela pesquisadora Tatiana Moura, do Centro de Estudos Sociais (CES), da Universidade de Coimbra, em 2005. A ausência total de registros que mostrem este tipo de violência contra vítimas indiretas das armas de fogo motivou Luis Carlos Nascimento a entrar de cabeça na ideia da realização de um documentário. Ele conheceu o grupo das mães que participaram do filme e escutou tudo o que elas achavam que deveria ou não ter em um documentário sobre a vida delas. Em seguida, o diretor propôs que as mesmas mães contribuíssem nas pesquisas de arquivos sobre outros casos, e promoveu uma capacitação audiovisual para que todas pudessem filmar em momentos que a câmera principal não pudesse estar.

"Luto como Mãe" foi construído quadro a quadro pela equipe de produção e por todas as mães envolvidas e também contou com a participação de jovens talentos da Escola Audiovisual Cinema Nosso, que assinam todos os créditos e efeitos do filme. Para Luis Carlos Nascimento, “Luto como Mãe consolida o potencial de produção do Cinema Nosso, revelando a capacidade da organização em trazer para o cenário audiovisual brasileiro, jovens talentos que estão dentro das escolas públicas e das comunidades populares do Rio de Janeiro”.

A meta agora é mostrar ao público o resultado deste trabalho. “Vamos levar o filme para o circuito de festivais. Temos uma grande expectativa de que o filme possa ser exibido no Festival do Rio [que acontece entre os dias 25 de setembro e 09 de outubro]. Depois vamos buscar distribuidores”, explica Luis Carlos Nascimento.


                    Pedro Soares (site Cinema Nosso)


Debate com o diretor na pré-estreia em Portugal


quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Do luto à luta


“Ignora-se que para cada marido , cada filho, cada homem morto existe sempre uma mulher por trás”

Luis Carlos Nascimento





  Luciene Silva - mãe de vítima da Chacina da Baixada
  Vera Flores - mãe de vítima do caso Acari
   Elizabeth Paulino - mãe de vítima da Chacina da Via Show

DIRETOR- LUIS CARLOS NASCIMENTO


FilmografiaCidadão Silva, (Ficção, 2002, 16 mm, 8 min) Produtor Executivo; O Cego, o Diabo e o Bom Pastor, (Ficção, 2003, DVCam, 13 min) Roteirista e Diretor; Sapukay, (Documentário, 2004, Mini DV, 9 min) Produtor Executivo;Vivendo e aprendendo, (Documentário, 2004, Digital, MiniDV, 6 min) Diretor; Nova Baía, (Documentário, 2004, Digital, Mini DV, 15min) Diretor; Nova Esperança – Yawanawa (Minissérie  Rede Povos da Floresta - 2003, Mini DV, 8min) Roteirista e Diretor;Xacriabá, (Minissérie  Rede Povos da Floresta - 2005, Mini DV, 10min) Diretor; Apiwtxa, (Minissérie  Rede Povos da Floresta - 2003, Mini DV, 12min) Roteiro e Diretor;Construindo o Futuro(Documentário, 2005, Mini DV, 7min) Diretor e Produtor; Crime Quase Perfeito (Ficção, 2004, Beta Digital, 18 min) Roteirista e Diretor; Vida nova com Favela (Documentário, 2005, Mini DV, 14min) Roteirista e Diretor; Amarribo - controle social (2007, Mini DV, 6min) Diretor; Agro vidas (Documentário, 2007, Mini DV, 15min) Roteirista e Diretor;Cidade das Abelhas (Documentário, 2007, Mini DV, 12min) Roteirista e Diretor; Uma mãe como eu... (Documentário, 2007, Mini DV, 14min) Roteirista e Diretor; Os investigadores (Doc-ficção, 2009, HD, 15min) Roteirista e Diretor. 

Apresentação de personagens e suas breves histórias.


Chacina da Via Show

- Elizabeth Medina Paulino, mãe de Rafael e Renan.

-  Siley Muniz Paulino, mãe Bruno.

Na noite de 5 de dezembro de 2003, os rapazes Geraldo Sant’Anna de Azevedo Júnior, 21 anos, Bruno Muniz Paulino, 20 anos e dos irmãos Rafael, 18 anos, e Renan Medina Paulino, 13 anos foram juntos a um show na casa noturna “Via Show”, localizada na Baixada Fluminense. Já na madrugada do dia 6 de dezembro, eles foram vistos pela última vez por um amigo, Wallace Lima, que também estava na casa de shows. Ele afirmou tê-los visto por volta das 04:40h no estacionamento do local.

Os corpos dos rapazes foram encontrados no dia 9 de dezembro, com marcas de tortura e tiros de fuzil na cabeça. As investigações revelaram que os rapazes foram agredidos e espancados por policiais militares que faziam “bico”1 como seguranças da casa de espetáculos ViaShow, enquanto ainda estavam no estacionamento da Casa. Em seguida as vítimas foram conduzidas em três veículos, sob ameaça de armas de fogo, para uma fazenda abandonada conhecida como Morambi, em Duque de Caxias, onde foram brutalmente executados.  

Dos nove policiais denunciados apenas dois se encontram presos. Um foi julgado e condenado a 25 anos e 7 meses de prisão (aguardando novo julgamento por tribunal de júri) e o outro aguarda julgamento. Um foi assassinado e outro encontra-se num manicômio. 

O Estado reconhece o envolvimento dos seus policiais na chacina. Foi atribuída uma pensão aos familiares dos 4 jovens. 

Chacina da Baixada

- Dulcinéia Sipriano, mãe de Marcus Vinicius, 15 anos.

- Luciene Silva mãe de Raphael 17 anos.  

Na noite do dia 31 de março de 2005, foram assassinadas 29 pessoas nos bairros de Moquetá, Posse, Cerâmica e Rua da Gama, pertencentes ao município de Nova Iguaçu e nos bairros Fanchen, Centro, Morro do Cruzeiro e Praça da Bíblia, em Queimados.

Escolhidas de forma aleatória pelos assassinos, as vítimas foram surpreendidas pelos acusados, que agiram de forma livre e consciente, com a efetiva intenção de matar. Os crimes foram cometidos por motivo torpe, com o fim de demonstrar a força do grupo nos municípios de Nova Iguaçu e Queimados. A ação dos acusados pode ter sido praticada por retaliação ao novo comandante do Batalhão que vinha combatendo práticas de corrupção e desvios de conduta.  Dois dias antes da chacina, um grupo de policiais militares retirou dois corpos de dentro de uma viatura da polícia e deixou próximo ao muro dos fundos do Batalhão. Um dos corpos estava com a cabeça decepada, que foi arremessada para dentro do Batalhão. Uma câmera instalada numa escola ao lado o filmou toda a ação dos policiais, que receberam prisão administrativa.

Dos corpos das vítimas foram retiradas 18 (dezoito) balas de pistolas calibres ponto 40 e 380, de uso exclusivo das polícias Civil e Militar Segundo o então chefe de Polícia Civil, Delegado Álvaro Lins, os criminosos recolheram algumas cápsulas e estojos das balas, para não deixar pistas sobre os assassinos. Não havia marcas de tiros nas paredes próximas aos locais dos crimes, indicando que os tiros foram certeiros. Apesar da repercussão nacional e internacional da chacina até o presente momento, mais de dois anos após o ocorrido, somente um dos denunciados foi julgado e condenado a 543 anos de prisão.

Dos 11 policiais indiciados, apenas 6 foram denunciados, sendo que um dos policias foi assassinado. Um dos policias foi condenado a 543 anos de prisão e os outros aguardam julgamento. Até ao momento foram marcadas 4 audiências, contudo 3 delas foram adiadas.

O Estado reconhece o envolvimento dos seus policiais na chacina. Foi atribuída uma pensão aos familiares. 

Assassinato do Luis Vasconcelos

- Marcia Jacinto mãe de Hanry

Em 21 de janeiro de 2001, Hanry, 16 anos, foi executado por policiais com um tiro no coração. Hanry havia chegado recentemente do estado de Minas Gerais para visitar sua mãe, Márcia Jacintho. Testemunhas contaram aos familiares de Hanry que viram quando ele foi conduzido pelos policiais até a viatura, e acrescentam ainda que a polícia simulou uma saída da favela, mas na verdade, retornou e se dirigiu ao seu cume, onde Hanry foi assassinado.

O Inquérito Policial foi instaurado imediatamente para apurar a morte de Hanry, contudo o Ministério Público só denunciou os policiais em novembro de 2006, cinco anos após. Em setembro de 2007, os policiais foram pronunciados e esperam pela data do julgamento.  

Caso Acari

- Marilene Souza Lima, mãe de Rosana,18 anos.

- Vera Flores Leite, mãe de Cristiane Leite ,16 anos . 

Em 1990 11 jovens saíram para um sítio em Magé, foram seqüestrados e assassinados. Há varias versões para o que aconteceu naquele sítio naqueles dias, sendo que uma das versões é que os jovens depois de torturados foram colocados numa van que depois foi incendiada. Há também a versão de que os seus corpos foram dados aos leões que havia no sítio onde os jovens se encontravam. Julga-se que o crime foi perpetrado por policias e até hoje não foram indiciados. Uma das mães de Acari (Édimeia) foi assassinada em 1993, na saída de um presídio no Rio de Janeiro.

Até ao momento o caso não saiu da fase de Inquérito Policial. 

Chacina da Candelária

- Patrícia Oliveira da Silva, irmã de Vagner  dos Santos.

Irmã de um dos sobreviventes (atualmente o único) da chacina da Candelária. Em 1994 o Wagner dos Santos foi uma das vítimas da chacina perpetrada por policias na Igreja da Candelária. Presume-se que a Chacina foi ordenada por comerciantes para “limparem a área dos meninos de rua” contudo, apenas alguns policiais foram condenados. Um ano mais tarde o Wagner foi novamente vítima de policiais. Neste momento encontra-se a viver na Suíça, já fora do programa de proteção de testemunhas em que saiu pela primeira vez do país.

Dos seis policiais denunciados apenas foram condenados, sendo que apenas um deles cumpriu pena de prisão.

O segundo atentado encontra-se em fase de inquérito policial.

Delegado de polícia

Vinicius George – Delegado da Polícia Civil

Ex-presidente e atual secretário do Sindicato dos Delegados de Polícia do Rio. 
 

Documentário sobre o rosto feminino da violência armada do Rio de Janeiro


Sinopse 

A cidade do Rio de Janeiro, Brasil é palco de execuções sumarias e arbitrarias cometida por agentes do Estado. Cada morte arrasta consigo a dor de quem fica, afetando todo o seu círculo social, especialmente a família e amigos. O documentário “Luto Como Mãe” centra-se nas histórias destes sobreviventes, mulheres em grande maioria, que lutam por justiça e para saírem da invisibilidade.

Direção - Luis Carlos do Nascimento
Fotografia - Tiago Scorza
Edição- Fabian Remy 
Produção Executiva- Carla Afonso,Mercia Britto, Tatiana Moura e Rodrigo Letier.
Trilha sonora- Wladimir Rocha,Jomar Schrank,JJ Aquino e Daniela Pastore.
Finalização- Julio C.Siqueira
Videografismo-Eduardo Oliveira,André Viera e Stânio Soares.

Uma produção -
 TVZERO, CINEMA NOSSO E JABUTI FILMES

Apoio- Ces , Universidade de Coimbra e CESEC - Universidade Candido Mendes.


Parceiros - Rede contra a violência e Justiça Global.